Grupo tradicional de cante alentejano.
Morada: Rua de Moura,3 7220 Amieira
Coordenador: Tolentino Cabo
Contacto: 916 958 054 / 919 908 272
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
As nossas modas
Um dos "Dinossauros" do grupo: Martinho Marques
"A poesia e a voz inconfundivel num
dos altos de referência do cante alentejano"
Pedro Calado
"Talento e versatilidade, numa das mais belas vozes dos "Almocreves""
ÉVORA MINHA
Praça do Giraldo
As suas arcadas
De lindas janelas
Em casas singelas
De branco caiadas
Ó Évora minha
Cidade linda
És minha terra
Ai quem nos dera
Lá voltar ainda
São Brás, São Francisco
Ver a capelinha
A Sé Catedral
Não vi outra igual
Ó Évora minha
És Moura encantada
E foste romana
Teu velho granito
Cheio de história e mito
Templo de Diana
Autor: Martinho Marques
Luis Saúde: "Lá vem a cegonha...As nuvens que andam no ar..."
QUANDO EU ERA GANHÃO
A abelha faz o mel
Do trigo se faz o pão
Lá prós lados de Portel
Quando eu era ganhão
Quando eu era ganhão
Lá prós lados de Portel
De samarra e gabão
Na alcofa pão e mel
Na alcofa pão e mel
São tempos que já lá vão
Lá prós lados de Portel
Quando eu era ganhão
Tenho terras por lavrar
Semear e colher
Para que eu possa dar
A vida a quem quer viver
Autor: Tolentino Cabo
Francisco Rasgado: "Sanona"
Um dos grandes capitães e "mestre do ponto no cante alentejano"
Manuel Francisco: "Serrano"
"...A voz rasgada da antiga Aldeia da Luz..."
PASTORES DO ALENTEJO
Toda a vida fui pastor
Toda a vida guardei gado
Tenho uma nódoa no peito
De me encostar ao cajado
Pastores do Alentejo
Encostados ao cajado
Vestem a sua samarra
Vão cantando atrás do gado
Quando rompe a bela aurora
O sol virado ao Tejo
Encostados ao cajado
Pastores do Alentejo
Fui á feira comprar gado
Voltei sem nada trazer
O que era do meu agrado
Não era para vender
Autor: Martinho Marques
Tó-Zé Caeiro: "Fui á lenha..."
QUANDO O PASTOR ADORMECE
Quando o pastor adormece, linda rosa
Numa noite de luar
Olha para o céu e parece
Ver o rebanho a pastar
Faz das pedras cabeceira, linda rosa
O restolho é o colchão
Tem deitado á sua beira
O fiel amigo cão
Suplentes os chocalhos, linda rosa
A mochila mais o tarro
A manta como agasalho
Os safões e o samarro
Envolvido nesse sonho, linda rosa
Pastoriando o seu gado
Viu nas estrelas o rebanho
Ursa maior o cajado
Já a lua vai tão alta, linda rosa
O rebanho se tresmalha
Ele acorda em sobressalto
Olha para o céu e ralha
Ó lua que me levas-te, linda rosa
Para esta fantasia
Mais uma vez me enganas-te
É de noite e não de dia
Autor: Martinho Marques
"Almocreves em actuação no Teatro Garcia de Resende
"Almocreves em actuação de rua, frente ao edifício da Câmara Municipal de Alcochete"
VIÚVAS DO MONTE
Viúvas do monte
Aldeia ou lugar
De luto para sempre
Muito raramente
Voltam a casar
Cabeças cobertas
Nunca mais ao léu
Ao calor intenso
Negro, negro lenço
Mais negro chapéu
Mais negro chapéu
Do seu ente querido
Foi em vida usado
Pelo bem amado
Sempre o seu marido
De leviandade
Ninguém lhes aponte
De preto vestidas
Para toda a vida
Viúvas do monte
Autor: Martinho Marques
Ricardo Caeiro: "Pastores do Alentejo"
CANTA ALENTEJANO CANTA
Eu gosto muito de ouvir
Aqueles que cantam bem
E aqueles que bem não cantam
Gosto de os ouvir também
Canta alentejano canta
O teu cante é oração
Tens a alma na garganta
Solidão ai não, ai não
Solidão ai não, ai não
Quem canta seus males espanta
O teu cante é oração
Canta alentejano canta
Eu gosto muito de ouvir
Cantar a quem aprendeu
Se houvera quem me ensinara
Quem aprendia era eu
Autor: Martinho Marques
"Um dos locais predilectos de convivio, e de ensaio...a mesa"
HÁ UM SOBREIRO VELHINHO
Há um sobreiro velhinho
Que nasceu à meia encosta
É a casa dos pardais
Malhada dos animais
Faz sobra que o pastor gosta
Faz sobra que o pastor gosta
Nos dias quentes de verão
Põe o seu gado ao acarro
Da cortiça faz um tarro
Corta a lenha faz carvão
Corta a lenha faz carvão
E nasce um novo raminho
Da primavera ao inverno
Deus queira que seja eterno
Há um sobreiro velhinho
O sobreiro é obrigado
A sustentar a cortiça
Quem não ama de vontade
Seja qual for a idade
Não se obriga por justiça
Autor: Martinho Marques
Luisinho: "A criançada dando os primeiros passos pelo cante alentejano"
AMIEIRA; AMIEIRA
Ó Amieira, Amieira
Quem te viu e quem te vê
Na encosta soalheira
Grandes obras na ribeira
Todos sabemos porquê
Nas suas tascas castiças
Á tardinha e ao serão
Cantam-se abaladiças
E fala-se das cortiças, ó ai, ó ai
Nos cortes e do carvão
Tem a reserva nas arcas
Esta gente hospitaleira
Há sempre achigãs e carpas
O javali com silarcas, ó ai, ó ai
Caldeiradas na ribeira
No guadiana e Degebe
Hà montarias e pescas
Anedotas muito breves
Cantigas dos Almocreves, ó ai, ó ai
Bailes, touradas e festas
Autor: Martinho Marques
PREGÃO DO ALMOCREVE
Os Almocreves, cantavam alegres, pelas aldeias
Lavravam a terra, subiam à serra, p'ra ver as colmeias
Tratavam do gado, ceifavam no prado, o feno e a palha
Bebiam nas fontes, iam aos montes, vender a tralha
Mel, águamel, piões e cordel, fisgas e loisas
Cantaros panelas, alguidares tijelas e outras coisas
Vestiam calça estreita, colete ou jaqueta, camisa riscada
Lenço de caixoné, usavam boné e a bota untada
Lá de vez em quando, faziam contrabando, com sacrifício
A história descreve, que o Almocreve, tinha sete oficíos
Com chuva e vento, carroça, jomento, cascavel e esquila
Samarra, safões, faziam pregões, ao chegar à vila
Cal branca, a vender se canta, quem quer cal
Oregãos e cardos, cilarcas e espargos, poejos do vale
Quem tem ferro velho, peles de coelho, raposa ou de lebre
Pregão em cantiga, assim era a vida, do Almocreve
Autor: Martinho Marques
O coordenador do grupo: Tolentino Cabo
Eu aprendi a cantar
No campo ceifando o trigo
Se eu podera atrás voltar, meu amor
De novo
De novo ceifar contigo
De novo ceifar contigo
E levar molhos ao releiro
E atrás do mesmo, roubar-te, meu amor
Aquele
Aquele beijo primeiro
Aquele beijo primeiro
Nunca mais houve outro igual
O teu corpo cheirava a feno, meu amor
Os lábios
Os lábios sabor a sal
Os lábios sabor a sal
Era azul o teu vestido
Se eu podera atrás voltar, meu amor
De novo
De novo ceifar contigo
Autor: Martinho Marques
CEGONHA
Lá vem a cegonha
No bico um raminho
De meia encarnada
Vem dando chegada
Ao seu velho ninho
Ao seu velho ninho
Ponha ovos ponha
Que seja bem vinda
Branquinha tão linda
Lá vem a cegonha
Senhora segonha
Como tem passado
Não há quem a veja
Voar p'ra igreja
Pousar no telhado
Lá vem a cegonha
No bico um raminho
De meia encarnada
Vem dando chegada
Ao seu velho ninho
Ao seu velho ninho
Ponha ovos ponha
Que seja bem vinda
Branquinha tão linda
Lá vem a cegonha
Quando chega Agosto
O bando levanta
Anunciando a hora
Que se vai embora
Levam meia branca
Lá vem a cegonha
No bico um raminho
De meia encarnada
Vem dando chegada
Ao seu velho ninho
Ao seu velho ninho
Ponha ovos ponha
Que seja bem vinda
Branquinha tão linda
Lá vem a cegonha
Autor: Martinho Marques
TERRA MÃE
Alentejo dos montados
Da cortiça e o azinho
Dos grandes trigais dourados
Raça corcel nos prados
Mel, azeite, pão e vinho
Ó terra mãe
Mel, azeite, pão e vinho
Alentejo deu á nação
Reis, condes, descobridores
Poetas e artesãos
Cada verso uma canção
E muito conservadores
Ó terra mãe
E muito conservadores
Alentejo terra mãe
Do barro, sol e mar
Ao sol posto a noite vem
Daquelas que Agosto tem
Cantam grilos ao luar
Ó terra mãe
Cantam grilos ao luar
Pastor, rebanho e rafeiro
Silêncio, paz e distância
Em cada rosto trigueiro
Do almocreve carreiro
Espelho de amor e esperança
Ó terra mãe
Espelho de amor e esperança
Para honrar a tradição
Dos nossos antepassados
As mulheres têm razão
Dessa forma como são
Homens cantam abraçados
O terra mãe
Homens cantam abraçados
Alentejo terra mãe
Do barro, sol e mar
Ao sol posto a noite vem
Daquelas que Agosto tem
Cantam grilos ao luar
Ó terra mãe
Cantam grilos ao luar
Autor: Martinho Marques
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Um comentário:
Quem nasceu Alentejano, nem que viva mil anos pode esquecer tão maravilhosa terra, e gentes tão simples hospitaleiras e bem-falantes! Não posso nunca esquecer que no Alentejo quando duas ou mais pessoas se cruzam ou se encontram, mesmo que não se conheçam, dão sempre os bons dias umas as outras, coisa que nas outras terras fora do Alentejo pouco ou nada se usa! Quando sai do Alentejo tinha esse habito e sempre que encontrava alguém mesmo que não conhecesse, dava sempre o bom dia ou a boa tarde, as pessoas olhavam-mede soslaio... Até que fui vendo que nas grandes cidades isso não se usava, mas ainda hoje sempre que vou ao Alentejo, lá conservo esse hábito, de falar a toda a gente que encontro mesmo que não os conheça, até porque as pessoas de lá ainda o fazem com toda a sua simplicidade, bem-haja as regras da boa educação; os Alentejanos merecem que continuemos todos a ser bem-educados.
Um abraço do tamanho do Alentejo.
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